sábado, 24 de março de 2012

Herrar é umano !

Se há um lugar comum onde todas as pessoas podem ser categorizadas, este é a falibilidade, talvez seja a característica que melhor defina o ser humano. Todos nós, pessoas, cometemos equívocos, com frequência, e intensidade, menor que os inimigos contabilizam ou maior que admitimos...

O último bastião da infalibilidade caiu em 4 de novembro de 1992 - quando o Papa João Paulo II, infalível, admitiu que a igreja cometeu um grave erro ao condenar Galileu Galilei por seu posicionamento "herético", acompanhando Nicolau Copérnico,  sobre o heliocentrismo.

No entanto há um outro aspecto que deve ser observado, qual seja, além de falível o ser humano é complexo, isto é, uma pessoa não é apenas “uma pessoa” trata-se de várias pessoas, desempenhando papéis diferentes, que demandam posicionamentos diferentes e, sobretudo, atitudes diferentes.

Por conta da característica multifacetária de cada ser humano há momentos em que o erro não é admissível, por exemplo quando alguém desempenha o papel de cirurgião neurológico, em que o menor equívoco pode ser fatal, ou causar um dano irreparável num paciente.

Muito bem, somos falíveis, mas ao mesmo tempo, em algumas circunstâncias, somos entendidos como infalíveis; situações dificílimas de conciliação. Profissionais que lidam com assuntos emergenciais ligados à Segurança Pública andam no fio da navalha, em sua lide diária profissional, por conta de serem, ao mesmo tempo, humanos e policiais.

Toda decisão policial implica numa consequência, imediata ou não, a influenciar na vida de muitos cidadãos, portanto com altíssimo preço para resultados não desejados, ou ainda, estes ERROS NÃO SÃO TOLERADOS, seja pela mídia, pela sociedade, pela vítima e, mesmo, pelo próprio policial.

Ainda há outro ponto de destaque numa ação policial: as respostas exigem urgência, mas as variáveis do problema nem sempre são conhecidas cabalmente e os desdobramentos de uma ação policial podem fugir ao controle.

As reflexões acima não levam em consideração comportamentos, observáveis em seres humanos, como ações de intolerância, ilegalidade e truculência, porém servem de esteio ao entendimento de que o assunto segurança pública é mais amplo, por suas causas e intercorrências, que possa (trans)parecer à primeira vista, numa reportagem policial ou mesmo num artigo escrito por um “especialista” em segurança pública.

2 comentários:

  1. Esse fator humano deveria ser levado mais a sério na atividade policial. Erros policiais muitas vezes são nada mais que nuances de decisões que foram tomadas no calor da ocorrência, em condição de stress, dentre tantas possíveis, e que, analisadas friamente depois, podem não ter sido as mais acertadas.
    Mas tanto a sociedade quanto a própria corporação procuram esgotar em primeiro lugar os erros, esquecendo os acertos e as circunstancias especiais em que se deram.
    E não é a mídia ou a sociedade que joga a primeira pedra, é a própria corporação, que faz questão de enaltecer os erros antes mesmo de apurar as circunstâncias.
    É necessário, em primeiro lugar, proteger o profissional de segurança pública. Um exemplo é o sistema disciplinar da Polícia Militar, onde 90% do seu teor trata de transgressões e punições, e só 10% (ou menos) trata de elogios e recompensas. Isso não o protege, massacra seu ego.
    Se o erro é uma condição inerente ao ser humano, o policial deveria ser tratado como ser humano que é.

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  2. É difícil argumentar contra o que voce diz, concordo. Todavia destaco que há algumas condições, elencadas no último parágrafo, que forçam o repensar o erro policial. Grato pela contribuição, estamos em permanente construção do Blog, dos textos, dos conceitos. Forte abraço, Anilto.

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